Os interesses sociais e mercadológicos indicam a estética.
Percebe-se que em um mundo neoliberal as relações são determinadas pelo interesse econômico, mas, antes é necessário que haja um interesse de consumo, assim o interesse consumista orienta a produção, como Marx afirma. Dessa forma, a recusa da obra deve-se à falta de interesse do consumidor. O próprio Machado de Assis teve que adequar suas obras ao consumo de sua época, isso é demonstrado quando o autor implora aos leitores que continuem a ler seus textos “pois são pequenos” de simples entendimento.
Não sem razão as editoras aprovam textos que são lidos pelo grande público, mesmo que seja de qualidade inferior. Mas para que isso aconteça, alguns critérios devem ser cumpridos, como por exemplo: Linguagem fácil; finais felizes, porém discutível, pois mesmo os contos de fadas são desse gênero; romances curtos entre outros. Tudo para que o leitor inicie a leitura, termine e, sobretudo, continue comprando os livros.
Para cumprir esse ritual, os livros são escolhidos pelas editoras, de acordo com o interesse de consumo, ao passo que mesmo os livros de Machado de Assis, seriam rejeitados na contemporaneidade, como foi realizado na experiência do jornal Folha de São Paulo. No teste o livro de Machado de Assis somente foi rejeitado devido ao desconhecimento da origem do escrito e o autor, pois, em sentido contrário, a editora jamais tivesse tomado essa iniciativa, pois o autor possui nome construído, testado e de grande relevância para a literatura, ao contrário, para atualidade, caso fosse um escritor iniciante possivelmente seu texto não seria aceito.
Ainda sob esse aspecto, importa-nos criar hipóteses a partir das experiências da Folha de São Paulo e do Washington Post, no primeiro tem-se a tentativa de venda às editoras de livros de Machado de Assis, porém nessa reprodução o nome do autor foi omitido; na segunda experiência o jornal Washington Post, colocou um músico de excelência, tocando em uma estação de trem, cujo o show equivale à mil dólares à entrada, porém na estação, com milhares de transeuntes, o músico não foi reconhecido e sua música não foi ouvida pelas pessoas.
O que demonstra que o valor estético não se encontra na estrutura, mas no interesse social e individual. O que os grandes críticos consideram como estrutura superior, talvez, somente, seja realidade caso cumpra todas as exigências e expectativas dos interessados, ao contrário, mesmo músicos de elevada perícia não são percebidos entre seus próprios pares ou dessemelhantes.
Essa situação é de simples observação, no inicio do séc XXI, no Brasil, teve o surto do Funk, criticada pela minoria que tem como referência a “boa” música, porém aplaudida pelos simpatizantes que a colocam como estrutura superior.
Nesse caso é impossível classificá-la como boa ou má música, pois temos como referência apenas nossas preferências que podem não ser as mesmas da maioria, mas, ainda assim, os meus desejos não desqualificam nenhuma, muito menos qualificam como inferiores ou superiores.
Desse aspecto, acredito que a estética deve atender várias exigências para considerá-la superior ou ao contrário e isso se relaciona com preferências, ambientação, melodia, instrução, sociedade e muitos itens que não poderíamos enumerá-los.