O ensino da língua portuguesa: Para quem e para qu
O ensino da língua portuguesa: Para quem e para qu

O ensino da língua portuguesa: Para quem e para quê?

Creio que é verdadeiro quando se afirma que o ensino da língua materna seguiu essa evolução: Exames preparatórios; para vestibulares e o ensino, efetivamente, da língua portuguesa.

No primeiro momento, havia uma educação centrada nos estudos clássicos que, de certa maneira não ocorreu o ensino da língua materna, pois essa educação baseava-se na gramática e na retorica poética, isso a partir dos clássicos gregos, seguiam-se as orientações de Aristóteles. Nesse momento histórico, primava-se para o bem falar e pelas estruturas da escrita a partir do latim. Não necessariamente ensinavam-se a língua portuguesa, tanto que ainda não existia essa disciplina.

Em contexto histórico é necessário a compreensão, que no Brasil do século XIX, ainda convivia-se com a língua falada pelos colonizadores, pelos índios e negros, dai existir o ensino de latim como forma de distinção e não como língua universal. Isso considerando a chegada da família real ao país, isso também influenciou na grade curricular com o ensino de Francês, possivelmente, implícito a isso, estava o desejo de retorno à Europa e às raízes napoleônicas, assim o domínio do dialeto francês torna-se necessário aos interessados. Nesse contexto, a aprendizagem de um dialeto comum não era importante.

No segundo momento, tem-se o ensino para os vestibulares, passado o afã de retorno à Europa, a derrota de Napoleão e a independência brasileira, a família imperial percebeu que era necessário outras bases para o país, não sem razão faculdades de direito e medicina foram abertas, para atender a necessidade de organização social por meio do poder judiciário e na mesma mão, no sentido político. Dai o ensino para os vestibulares, pois a intenção era a formação para atender a necessidade do país. Novamente a língua materna permanece em outro plano.

Fim do regime imperial e ascensão do regime republicano, nesse contexto, diria de nacionalização e unificação do país, pós 1889, iniciou-se o ensino de uma língua unificadora, porém a disciplina língua portuguesa somente veio afirmar-se 40 anos depois no regime de Getúlio Vargas. Nota-se que nos três momentos que discutimos a base curricular para o ensino foi o ensino construído pelo colégio Pedro II, todo interesse de ordem econômica, mundial ou de governo era repassada ao colégio e esse era encarregado de disseminá-la através da educação. Seguem, nesse sentido, as observações que foram realizadas, pois as necessidades do país eram a necessidade do colégio Pedro II.

A meu ver, a entrada da disciplina Língua Portuguesa no currículo possui mais o sentido de unificação do país do que um fator de aprender a língua materna, pois se percebe que através de uma língua única o país teria coesão. Dessa forma, não necessariamente houve preocupação em ensinar a língua portuguesa, mas a assimilação de uma regra única, nesse contexto a regra gramatical e essa herança, acredito, permanecem mesmo na contemporaneidade.