Na década de sessenta surgiu nos EUA, um movimento que mais tarde foi intitulado contracultura. Esse movimento teve como característica básica uma total revolta contra a cultura existente.

No entanto, antes de dar mais consistência às minhas argumentações, torna-se essencial explicar o que compreendo como cultura. De acordo com a filosofia, cultura é tudo que o homem coloca a mão e transforma. Por exemplo: há um mundo natural, que existe sem a presença e modificação do homem: natureza; por outro lado, há outro mundo construído pelo homem: sociedade, ferramentas, movéis etc. Feito essa divisão, entre mundo natural e mundo humano, considero cultura tudo que foi tocado pelo homem, ou seja, o homem produz sua cultura.

Após esta pequena consideração, retomemos à contracultura. Exaustos pela cultura vigente, sem possibilidade, sequer, de manifestar sua opinião, a juventude “sessentona” (palavra que utilizo para referir-me à juventude dos anos 60), decidiu sair às ruas para expressar-se, ou de outra maneira, conseguir gritar contra a cultura estabelecida pois, a geração “sessentona” urrava aos quatro ventos :

Acostuma-nos, através da educação, a ver na cultura que herdamos de nossos pais e antepassados uma entidade intocável, definitiva, que se apresenta diante de nos como parte da própria essência (Pereira, p.14).

Essa realidade tornou-se insuportável, pois àquela juventude revoltou-se contra o autoritarismo, os jovens queriam e tiveram mudanças. Ao custo de muita luta, movimentos com idéias de Paz e Amor, É proibido proibir, A imaginação está tomando o poder e outros foram capazes de mobilizar multidões.

Os “sessentões” fizeram sua parte. Algo que hoje, mais ou menos quarenta anos após esses movimentos por respeito às opiniões alheias, observo um clima de retroação, as coisas estão voltando como eram, pior, como eram antes dos sessentões.


Bibliografia.

Pereira, Carlos Alberto M. O que é Contracultura. São Paulo, Nova Cultural: Brasiliense, 1986.